domingo, 26 de abril de 2009

O Céu de Suely


Hoje, morrendo de tédio e folheando revistas velhas (adoro fazer isso), me deparei com uma matéria sobre o lançamento do filme de Karim Ainouz, O Céu de Suely, em 2006.

O filme foi uma das mais gratas surpresas daquele ano pra mim, junto com Murderball e o lançamento em DVD de Noite e Neblina (mas isso fica pra outro post).

Eu não sou a maior fã de cinema nacional que você já conheceu, pelo contrário, acho que o cinema nacional sofre desde sua "retomada" com gente que come mortadela e arrota peru. Gente como os diretores Luiz Fernando Carvalho e Cláudio Assis. Além de um regionalismo exarcebado. Tem-se vergonha de fazer cinema fácil no Brasil. Cinema pra divertir a molecada, pra ganhar dinheiro, e quem faz, como a Globo Filmes é criticado nas rodinhas. Dona dos maiores sucessos recentes de bilheterias, a produtora não é levada a sério. Por que não acata o regionalismo extremo, o folclórico desmedido.

Mas eu tenho respeito grande pelo Karim e pelo Ricardo Elias, que ainda é moleque e vai fazer bonito.

O Céu de Suely tinha tudo para ser regional. Mas ele independe do local onde se passa. Você pode dizer que a personagem principal está presa naquela cidadezinha, mas ela está presa dentro de si própria. Lá ou na passagem para o lugar mais longe, disponível na rodoviária.



Hermila (que toma emprestado seu nome da própria atriz, Hermila Guedes) sai de São Paulo com o filho e volta para a casa de sua mãe, no interior do Ceará, esperando que seu marido vá encontrá-la. O que não acontece. Sufocada com aquilo, Hermila decide ir embora para o lugar mais longe que der, mas precisa arrumar dinheiro.

É aí que entra Suely. Suely é Hermila, que nas baladinhas miadas da cidade vende uma rifa. "Uma noite no paraíso", como diz a própria. Hermila está se rifando, como Suely. E promete o céu para quem ganhar.

Hermila fica falada, arruma briga, e parte o coração do namorado da juventude que ficou feliz com sua volta. Mas nada é pior que uma prisão dentro de si mesmo. Foda-se se estão a pintando de puta, Hermila vai embora, pro lugar mais longe que tiver passagem. Hermila está pronta pra comprar sua felicidade.

Filme bonitinho, que fala à qualquer pessoa, com uma atuação irretocável de Hermila e uma direção carinhosa de Karim. Fortemente recomendado.

Seja o primeiro a comentar

Postar um comentário

  ©Template by Dicas Blogger.

TOPO