quarta-feira, 7 de julho de 2010

Histórias do Futebol - A Matemática da Dor




Não é história ainda, mas vai ser. Pais contarão pra filhos, que contarão pra netos, naquelas conversas que os rapazes se reúnem pra ter, na mesa da cozinha, tarde da noite, de 4 em 4 anos. Os mais velhos contam histórias de Copas passadas. Começam invariavelmente por 1950, o silêncio concreto do Maracanã. Começam pelo Uruguay.

Daqui há quatro anos começarão pelo Uruguay e terminarão no Uruguay.

Pais farão com filhos a matemática da dor. A soma de eliminatórias difíceis, time desacreditado, uma fila de 60 anos, um artilheiro, um Loco, um Capitão, um herói que carregou todos os corações de seu país nas mãos desesperadas.

A multiplicação da garra, da vontade de vencer, da torcida que se multiplicou, da coragem, da honra. A multiplicação da gratidão da torcida que reconheceu a luta da Celeste Olímpica

A divisão das alegrias com a torcida, maior que o próprio Uruguay.

A subtração. Ah, a subtração. Subtraem-se os sorrisos, subtraem-se os gritos, subtrai-se a competência da arbitragem. Subtrai-se do Uruguay o direito de disputar a final. Subtrai-se da América do Sul seu lugar de direito.

A matemática da dor Celeste na primeira Copa do continente Africano será retomada nas cozinhas, quintais, varandas e em todos os lugares onde os meninos escutam atentos às lembranças dos mais velhos.

4 Comentários:

Matheus Laneri disse...

Mas que dor de corno do caramba. Tá pior que o Galvão.

PC Filho disse...

O Uruguai foi épico nessa Copa do Mundo. Se empatasse naquele finalzinho contra a Holanda, até eu iria às lágrimas.

Como escrevi ontem, o time honrou a tradição celeste.

Merecia mais que uma decisão de terceiro lugar.

Zé da Fiel disse...

Obdulio Varella, após o maracanaço saiu as ruas do Rio de Janeiro, a dor da multidão às ruas tocou de tal maneira o coração " El Negro Jefe" e aí ele deu-se conta da dimensão daquela derrota para o Brasil, chegou mesmoa à afirmar que se soubesse que aconteceria tal tragédia nacional, ele não teria se esforçado tanto para ganhar, pois, afinal de contas, a seleção Uruguai de 1950 sairá tão desacretidada de seu país que um vice-campeonato teria um sabor tão bom quando aquela vitoria que entristeceu tanta gente.

Olhando de fora não conseguimos quantificar a dor de um pais, afinal será mesmo que os Uruguaios não ficaram orgulhosos de seus jogadores? Futebol é tão romântico, dramatico e fascinate quanto as tragedias gregas e se tem um aspecto em que são identicas é que o valor dos herois não é medido na vitoria, mas pelo seu carater(ou na falta dele)e determinação.

Daqui a muitos anos haverão aqueles que comentarão das lagrimas do expluso Suarez que depois se transformam em pulos de alegria, do incrivel jogo com alemanha que termina com uma bola na trave no ultimo minuto, da garra e determinção...como falamos ate hoje de Becknbeur que na semi-final de 1970, jogou com o ombro deslocado, ou Gamara em fato semelhante na copa de 1998. Como falamos ate hoje de Obdulio Varella, El Negro Jefe que saiu as ruas do Rio de Janeiro para olhar o rosto do inimigo vencido e chorou.

Liévin disse...

Ah, e o meu coração charrua fica feliz em saber que, afinal, não pulsa sangue azul da cor do céu sozinho...

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